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Adriano da Silva: O Monstro de Passo Fundo

Foto do escritor: Martina Baptista SilveiraMartina Baptista Silveira

Atualizado: 4 de mai. de 2021

Quando falamos em Serial Killer, logo nos vem a imagem na cabeça de grandes assassinos americanos, filmes de terror e etc, são coisas que parecem distantes da nossa realidade, principalmente nas cidades de interior, longe de grandes centros, mas é ai que nos enganamos.

O perigo está a espreita em qualquer lugar, o ser humano é imprevisível, e não temos ideia do que se passa na mente alheia, dessa vez conheceremos o caso de Adriano da Silva, o Monstro de Passo Fundo, um serial killer que aterrorizou a região da cidade de Passo Fundo no Rio Grande do Sul, o mesmo admitiu ter assassinado cerca de 12 crianças, porém foi condenado pelo homicídio de 09 vítimas em quatro cidades diferentes, atuando nos anos de 2002 a 2004.

Adriano da Silva, natural do estado do Paraná, há poucas informações sobre sua vida antes do final da adolescência e início da fase adulta.

O seu primeiro assassinato, foi a morte de um taxista, o qual ele conta que matou de forma premeditada, a facadas, que foi uma vingança, mas nunca respondeu sobre o que seria essa vingança.

Em 2001, foi condenado pelo homicídio do taxista, latrocínio, formação de quadrilha e ocultação de cadáver, fugiu da prisão onde cumpria uma sentença de 27 anos, no município de União da Vitória/PR, porém o foragido cumpriu apenas 06 meses da pena antes de conseguir escapar da cadeia.

Usando identidades falsas, saiu do Paraná e foi para o interior do Rio Grande do Sul, mais especificamente para o município de Passo Fundo na região norte do estado, onde se sustentava por meios de "bicos" que arrumava, trabalhava de forma informal, até então para os moradores da cidade não era nenhum suspeito de nada, era apenas um homem que mudou de cidade para ter novas oportunidades e se sustentar.

Inicialmente o mesmo cometia crimes "comuns", o que o levou a ser detido algumas vezes por furto, porte de arma branca, posteriormente também por uma situação onde um avô de uma das vítimas, suspeitava que Adriano poderia ter envolvimento no desaparecimento de seu neto, e mesmo assim em nenhuma delas ele foi realmente preso e condenado.

Seus homicídios começaram no ano de 2002, quando realmente surgiu a primeira vítima conhecida, na cidade de Lagoa Vermelha, basicamente sua forma de agir era atrair crianças que estavam em situações vulneráveis, de origem humilde, crianças que estavam vendendo algo, ou que fossem ingênuos e de fácil manipulação, o que facilitava muito para ele por seus alvos serem crianças.

Após convencer a criança o acompanhar, ele levava a vítima para um lugar abandonado, uma estrada vazia, um mato próximo de onde estavam, onde não houvesse nenhuma movimentação, usava de práticas de artes marciais para imobilizar e matar suas vítimas, além de carregar consigo luvas para não deixar suas digitais, porém deixava seu esperma na vítima, o que posteriormente ajudaria na resolução dos casos, porque além de sequestrar, matar asfixiado, ainda cometia necrofilia com o corpo das vítimas e ocultava o cadáver.

Se sentia atraído por crianças de 08 a 14 anos, quando questionado o porquê dos assassinatos, dizia ser viciado em matar, e sentia prazer em ter relações com os cadáveres, assim além de ser um assassino, era também um pedófilo e necrófilo.

CRIMES

Éderson Leite, um garoto de 12 anos, morador da cidade de Lagoa Vermelha/RS, fazia parte de um time de futebol da cidade, para juntar dinheiro para o time, estavam promovendo a venda de rifas, dessa forma em 16 de agosto de 2002, ele saiu para vender alguns números, e nunca mais voltou para casa.

Seu corpo foi encontrado três semanas depois no interior do município, recebeu golpes na traqueia o que o deixou inconsciente, após isso foi asfixiado com um cinto, depois do garoto morto Adriano cometeu necrofilia.

Douglas de Oliveira Haas, 10 anos, residente do município de Soledade/RS, em 19 de abril 2003 foi atraído até um lugar abandonado, morto por asfixia, após sua morte seu corpo também foi violentado sexualmente.

Do local onde cometeu o crime transportou o corpo do garoto em um carrinho de mão até uma casa em construção onde estava trabalhando como pedreiro, enterrou o corpo embaixo da churrasqueira o cobrindo com cimento, Douglas constou na lista de crianças desaparecidas até 2008, quando Adriano confessou o crime e deu a localização dos restos mortais para a polícia comprovando o homicídio e a autoria.

Nessa mesma época, outras três mortes ocorreram no mesmo município, de formas semelhantes, com crianças em idades próximas, porém estas mortes foram atribuídas a traficantes da região.

Volnei Siqueira dos Santos, 12 anos, vendia rapadura no bairro Nossa Senhora Aparecida no município de Passo Fundo/RS, no dia 09 de julho de 2003 saiu para vender as rapaduras, e nunca mais voltou para casa, Adriano o atraiu para um matagal com a promessa de comprar as rapaduras, o agrediu, violentou sexualmente e estrangulou o garoto com as próprias mãos, deixou o corpo do garoto em um córrego e abandonou o local.

Cinco dias após seu desaparecimento, seu corpo foi encontrado em um matagal na Vila Jardim, sete jovens foram presos por esse crime, ficando 45 dias detidos por confessarem, mas depois foram soltos, pois entregaram informações de que foram coagidos pela polícia, para admitir a autoria e encerrarem o caso, mais tarde o DNA de Adriano foi encontrado nas roupas do garoto confirmando a autoria do crime.

Júnior Reis Loureiro, uma criança indígena caingangue de 10 anos, assim como várias outras crianças ele ajudava na venda de artesanatos na beirada da rodovia 153, em Passo Fundo/RS, conheceu o Adriano no dia 14 de setembro de 2003, quando o homem ofereceu vender o cestos que o garoto carregava.

Atraiu a criança para uma rua deserta, asfixiou até a morte, abandonou em um terreno baldio sob uma tabua, o corpo foi encontrado 12 dias depois, Adriano confessou que planejava violentar o corpo da criança, mas não o fez, pois o corpo estava sujo e ficou com "nojo".

Luciano Rodrigues, 09 anos, morador de Passo Fundo/RS, a criança participava de diversas atividades promovidas pelo município, no dia 02 de outubro de 2003, durante uma atividade realizada ao ar livre, Adriano se aproximou do garoto, o convenceu de o acompanhar por cerca de 2km, prometendo que iria dar dinheiro a ele.

O garoto foi assassinado e violentado com os demais, seu corpo foi deixado em um antigo campo do Quartel no bairro Nossa Senhora Aparecida, o restos mortais da criança foram encontrados no dia 29 de novembro daquele ano.

Leonardo Dornelles dos Santos, de apenas 08 anos, morador do município de Passo Fundo/RS, estava junto a outros amigos jogando fliperama, na tarde de 31 de outubro de 2003, Adriano estava pagando fichas para os garotos jogarem.

Leonardo foi atraído por Adriano até um mato próximo, onde foi asfixiado até a morte, seu corpo já sem vida foi violentado sexualmente, e foi encontrado em 17 de dezembro desse mesmo ano.

Em novembro de 2003, o policial aposentado Gideon Dornelles avô de Leonardo, desconfiou que Adriano era o assassino de seu neto. Com faca em punho, Gideon abordou Adriano e o levou à delegacia da cidade, onde ficou detido por algumas horas.

Mesmo tendo sido detido mais de uma vez, por motivos diversos, foi liberado porque seus dados não constavam do Cadastro Nacional de Criminosos, o Infoseg, logo não tinha nada que comprovasse que ele era um criminoso julgado, condenado e foragido de um presídio do Paraná.

Isso porque a polícia do Estado do Paraná retirou as informações dos criminosos do estado do sistema nacional, alegando que usavam um programa próprio, pois não consideram o sistema nacional confiável.

Alessandro Silveira, 13 anos, morador de Passo Fundo/RS, trabalhava pelas ruas do município como engraxate, em março de 2003, no bairro Petrópolis, Adriano usou dos mesmos "meios" que fazia com os demais garotos, atraiu Alessandro até um lugar vazio da cidade, prometendo dar-lhe dinheiro para cortar grama em uma chácara.

Chegando ao local isolado, asfixiou o garoto, violentou o corpo e ocultou o cadáver, as ossadas foram encontradas apenas em 20 de setembro daquele ano.

Jeferson Borges Silveira, 11 anos, desaparecido desde o dia 1º de setembro de 2003, seu corpo foi encontrado no dia 05 de setembro de 2003. Ele havia sido visto pela última vez, dias antes, nas proximidades da rodoviária de Passo Fundo/RS.

Uma testemunha diz ter visto Jeferson na companhia de outras três pessoas, trabalhava como engraxate e pedia esmolas para ajudar no sustento de outros dez irmãos. Inicialmente os pais não estranharam a ausência do filho, acostumado a dormir na casa de parentes ou amigos.

Partindo de uma ligação anônima, a polícia encontrou o garoto em um matagal no Bairro Lucas Araújo, o garoto foi morto asfixiado por estrangulamento com fio cortante. O corpo estava nu da cintura para baixo e havia sinais de violência sexual.

Daniel Bernardi Lourenço, de 14 anos, morador de Sananduva/RS, vendia picolé pelo município, Adriano como em todos os outros casos, aproximou do jovem alegando querer comprar entorno de R$ 29,00, para uma festinha de aniversário, então no dia 13 de janeiro de 2004, Daniel acompanha seu comprador até supostamente o local da festa.

Ele é atacado, espancado e estuprado, seu corpo foi encontrado no mesmo dia, o que fez com que a ação da polícia de caçada ao assassino fosse muito mais rápida, considerando também que já corriam rumores de ataques a jovens na região, os investigadores tiveram uma ação rápida, o que contribuiu para ter um material melhor, pois o corpo ainda esta "fresco" e com todos os rastros para solução do caso, e consequentemente a resolução do crime.

Daniel foi a última vítima conhecida de Adriano, e a única vítima que ele confessou e manteve sua confissão até os dias atuais.

JULGAMENTO

Pelo caso da vítima Éderson Leite, foi condenado a 22 anos de reclusão por furto, homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver.

Pelo caso da vítima Douglas de Oliveira Haas, foi condenado a 21 anos e 5 meses por homicídio duplamente qualificado e ocultação de cadáver.

Pelo caso da vítima Volnei Siqueira dos Santos, foi condenado a 32 anos, 2 meses e 15 dias por homicídio duplamente qualificado, atentado violento ao pudor e ocultação de cadáver.

Pelo caso da vítima Júnior Reis Loureiro, foi condenado a 29 anos, três meses e 20 dias pela morte do menino caingangue.

Pelo caso da vítima Luciano Rodrigues, foi condenado a 21 anos, 10 meses e 20 dias pelo homicídio.

Pelo caso da vítima Leonardo Dornelles dos Santos, foi condenado a 21 anos e 8 meses pelo homicídio.

Pelo caso da vítima Alessandro Silveira, foi condenado a 21 anos e 5 meses, por homicídio e ocultação do cadáver.

Pelo caso da vítima Jeferson Borges Silveira, foi condenado a 37 anos, por homicídio duplamente qualificado e atentado violento ao pudor.

Pelo caso da vítima Daniel Bernardi Lourenço, foi condenado a 24 anos pelo homicídio.

PRISÃO

Adriano da Silva, está preso na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas/RS desde o dia 06 de janeiro de 2004, foi preso em Maximiliano de Almeida tentando atravessar a divisa do Estado do Rio Grande do Sul para o Estado de Santa Catarina, 03 dias após matar um menino na Cidade de Sananduva/RS.

Três meses antes de sua prisão, Adriano foi detido quatro vezes, por causa das informações não disponibilizadas no Sistema Nacional de Criminosos, como já foi mencionado anteriormente.

Como a existência de serial killer parecia ser algo muito distante da realidade da região, mesmo com o crescente número de desaparecimentos dos meninos em cidades da região, a polícia acreditava e trabalhava com a hipótese de não haver ligação entre os casos, e lidando com os casos de forma distinta, como se cada caso fosse um crime com um criminoso independente.

O assassino foi preso após uma denuncia de uma testemunha que o viu com sua última vítima e reconhecido por cinco vítimas que escaparam do seu truque, e o que confirmou após baterem as informações de DNA dele com o DNA do esperma encontrado no corpo.

Inclusive os casos eram difíceis de solucionar, pois o criminoso não deixava vestígios nos locais onde praticava os assassinatos, assim dificultando juntar provas, sendo necessários exames de altíssima tecnologia, para chegar até o autor de um dos crimes e as características que o identificassem como assassino em série.

Foi julgado por nove assassinatos o que rendeu uma pena de 230 anos, 10 meses e 25 dias de prisão em regime fechado.

AS VÁRIAS VERSÕES DO SERIAL KILLER

Em sua primeira versão apresentada, Adriano confessou o assassinato de 12, meninos mortos na região norte do estado do Rio Grande do Sul, homicídios ocorridos entre 2002 e 2004.

Porém passando um tempo ele passou a dizer que não havia cometido homicídios, começou a admitir apenas o assassinato de Daniel, o último garoto encontrado, e que havia confessado as outras mortes sob ameaças dos policiais, dizendo que eles haviam ameaçado dizendo que sabiam onde estava a família dele, e obrigaram ele a aprender a história de cada crime para que ele informasse onde estavam os cadáveres.

A polícia então, contradizendo a versão do criminoso, apresentando provas de que seu sêmen foi encontrado em um dos meninos, que ele diz não ter assassinado, tempos depois como não podia mais negar, decidiu admitir que havia estuporado a criança, porém alega que não matou a criança.

Além disso, ele indicou a localização de um dos cadáveres que a polícia estava a anos procurando, o corpo de Douglas, o qual estava enterrado, sob uma churrasqueira, um lugar impossível de encontrar se não fosse alguém que realmente tivesse o escondido, além de que se a polícia tivesse armado, eles teriam de ter encontrado o corpo anteriormente, e até o momento ninguém sabia onde o corpo estava, e a criança continuava estando na lista de desaparecidos, além dele ter participado de ao menos seis reconstituições, dando detalhes específicos de cada crime.

“Adriano da Silva é um serial killer e não tem recuperação. A medida indicada para seu transtorno social é a reclusão em uma penitenciária de segurança máxima pelo maior tempo possível. Ainda assim, mesmo recolhido, representará perigo aos outros reclusos e a equipe de segurança da cadeia”, conforme prognóstico do laudo do Instituto Psiquiátrico Forense.*


O Ministério Público sublinhou no laudo do IPF que Adriano “tem capacidade, sabe o que faz, tem boa memória, é frio, calculista, mas possui dificuldade de se conter e não mostra arrependimento do que fez”.*


O médico psiquiatra passou a ser então testemunha da defesa e garantiu: “tudo que foi afirmado no laudo é do ponto de vista psiquiátrico”. Mais: disse que o réu foi analisado por dois médicos psiquiatras, um neurologista e três psicólogas que atestaram que Adriano possui “falta de capacidade de empatia” e, pelas suas características, pode ser considerado um serial killer “que sempre está ligado a um conjunto de assassinatos semelhantes, cometidos em série e com os mesmos métodos empregados”.*

*Trechos retirados da publicação do site do Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul.


Referências:



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